Fraudes contra o INSS já somam mais de R$ 6 bilhões e envolvem até uso de cadáveres

A investigação sobre descontos indevidos em benefícios previdenciários por parte de sindicatos e associações – que somam mais de R$ 6 bilhões descontados diretamente da folha de pagamento do INSS – é apenas uma amostra do amplo esquema de fraudes que atinge a Previdência Social. A afirmação é do advogado e especialista em Direito Previdenciário Rômulo Saraiva, que reuniu mais de 400 casos no livro “Fraudes no INSS – Casos Práticos de Vazamento de Dados, Engenharia Social e Impactos na Proteção Social”, com lançamento nesta quinta-feira (7), às 19h, na PUC-SP.

Segundo Saraiva, os golpes envolvem desde falsificação de documentos e roubo de dados com o uso de inteligência artificial até situações extremas como a ocultação de cadáveres. Também são comuns práticas como saque de benefícios após a morte, falsa prova de vida, venda de laudos médicos para obtenção de auxílios e descontos indevidos em nome de associações e empréstimos consignados.

O levantamento se baseia em operações da Polícia Federal, dados da Força Tarefa Previdenciária, ações judiciais e investigações da CPI da Previdência desde os anos 1990. Casos históricos, como o da fraudadora Jorgina de Freitas, fazem parte da obra, que divide as fraudes por categorias: eletrônicas, bancárias, fiscais, de acumulação indevida e até por suborno.

Saraiva alerta que, com o avanço da tecnologia, os dados de aposentados e pensionistas ficaram ainda mais vulneráveis. Apesar disso, muitas fraudes ainda se baseiam na manipulação da boa-fé dos segurados. Os prejuízos são incalculáveis, mas em casos como o da década de 1990, estimativas apontaram que até 50% da arrecadação do INSS era alvo de fraudes, com recuperação de apenas 7% dos valores.