DATAFOLHA: 52% dos brasileiros defende prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe

Uma pesquisa do Instituto Datafolha revela que 52% da população brasileira acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ser preso por sua participação na tentativa de manter-se no poder por meios considerados golpistas. Apesar dessa maioria, o mesmo percentual (52%) não acredita que o ex-mandatário será, de fato, punido com prisão.

O levantamento ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios, entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi divulgada em meio ao processo que corre contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele já foi tornado réu por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.

Segundo as investigações da Polícia Federal e a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro teria liderado uma trama golpista que incluiu reuniões com militares e ministros para discutir uma intervenção no resultado das eleições de 2022. O ex-presidente nega envolvimento direto e diz ter apenas considerado cenários hipotéticos dentro da Constituição.

A percepção sobre o caso varia conforme região, escolaridade, renda e religião. No Nordeste, 59% defendem a prisão do ex-presidente — o maior índice regional. No Norte/Centro-Oeste, há um empate técnico, com 47% a favor da prisão e 45% contrários. No Sul, o cenário se inverte: 49% acreditam que Bolsonaro não deveria ser preso, enquanto 46% defendem sua detenção.

Entre os católicos, 55% são favoráveis à prisão, enquanto entre evangélicos, grupo que majoritariamente apoia Bolsonaro, 54% são contrários. O recorte por escolaridade também revela nuances: entre pessoas com ensino superior, metade acredita que ele será preso. Já entre os jovens de 16 a 24 anos, 57% não acreditam que o ex-presidente vá enfrentar a prisão.

A pesquisa também relaciona os números com o cenário eleitoral de 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sido apontado como herdeiro político de Bolsonaro, aparece com forte apoio entre os que rejeitam a prisão do ex-presidente: 79% dos seus eleitores afirmam que Bolsonaro não deve ser preso. Tarcísio tem tentado adotar um discurso moderado, mas mantém-se próximo do ex-chefe, inclusive participando de atos em defesa da anistia dos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Mesmo inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral, Bolsonaro continua a ser um polo de influência na direita brasileira. A pesquisa do Datafolha mostra, contudo, que parte significativa da população espera que haja responsabilização judicial pelos atos praticados no fim de seu governo — ainda que não confie na concretização dessa expectativa.

Fonte: Fonte83