Presidente defende que avanços tecnológicos devem beneficiar trabalhadores e afirma estar disposto a acelerar mudança caso o Conselho recomende
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (4), que o Brasil avance na discussão sobre a redução da jornada de trabalho. Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, ele criticou a manutenção da escala 6 por 1 e pediu que o grupo estude alternativas para encurtar a carga horária semanal.
Lula argumentou que os avanços tecnológicos ampliaram a produtividade, mas não se converteram em melhores condições de trabalho. Ele citou o exemplo da Volkswagen, que, segundo ele, produzia menos carros com muito mais funcionários décadas atrás. “Com todo o avanço tecnológico, por que a jornada não diminuiu? Qual é o prejuízo de reduzir de 44 para 40 horas?”, questionou.
O tema já está em debate no Congresso, por meio de uma PEC que propõe o fim da escala 6 por 1. Lula afirmou que poderá acelerar a mudança caso o Conselhão recomende oficialmente a redução da jornada.
Durante o encontro, o presidente também pediu que o grupo elabore propostas mais firmes para combater crimes de feminicídio e pedofilia, citando episódios recentes de violência que ganharam repercussão nacional.
Ao tratar de economia, Lula criticou a visão de que investimentos públicos em áreas sociais representam gastos excessivos. Ele questionou a influência do mercado financeiro nessas avaliações e reforçou que países desenvolvidos não se prendem a limitações rígidas de teto de gastos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou da reunião e destacou que o déficit fiscal do atual governo será o menor dos últimos anos, além de afirmar que a inflação acumulada no período será a mais baixa da história do país.
Lula ainda voltou a criticar a derrubada de seus vetos ao projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, alertando que a decisão pode prejudicar as exportações brasileiras. Sobre a relação com o Congresso, disse não ver crise, embora tenha novamente criticado o modelo de emendas impositivas.
A reunião aconteceu no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e reuniu empresários, sindicalistas, artistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil que compõem o Conselhão.